O bispo católico de Pemba, António Juliasse Sandramo, reitera o “apelo à consciência” na gestão de ajuda de emergência que não chega aos necessitados, e a concentração de meios financeiros para servir as estruturas administrativas das organizações envolvidas na assistência humanitária.

A intensificação da violência armada de jihadistas moçambicanos, nos distritos do norte e centro de Cabo Delgado, forçou a fuga de, pelo menos, 800 mil pessoas, grande parte dependente de ajuda básica oferecida por organizações nacionais e internacionais.

 

Há um problema de coerência “de todos aqueles que estão envolvidos na questão da ajuda humanitária em Cabo Delgado” diz à VOA Sandramo, que pede para que se paute pela “justiça nas ajudas” para a causa dos deslocados.

Evitar o desvio

“Esse apelo é tanto para os programas que a igreja tem, como também para todas as entidades não governamentais que operam nesta zona de Cabo Delgado, porque podemos correr o risco - e deve estar a haver esse risco - de nos servirmos dos deslocados mais para os nossos próprios interesses, nossos próprios ganhos” enfatiza o religioso.

Reconhecendo ser “já quase uma cultura no nosso país” e muitos terem “pequenos exemplos” de desvio de donativos, Sandramo insiste que “não podemos correr esse risco (de desviar) ao invés de socorrer os nossos irmãos” que estão com muitas necessidades e a sofrer.

“É também um apelo para todos os organismos que estão a vir para Cabo Delgado e que já cá estão, para que não coloquem muito peso na sua própria estrutura de resposta, mas coloquem peso na resposta”, avança sem apontar nomes.

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Para Sandramo, “os intermediários desses apoios devem pautar pela coerência, e não avançar muito em estruturas que como digo, que acabem parte deste dinheiro, por exemplo: Uma organização que é apoiada com um milhão de dólares, mas de um milhão de dólares, duzentos mil é que vão para os deslocados e o resto vai para os profissionais que tem”, rematou.

O bispo de Pemba que disse estar a preparar um encontro com o governo de Cabo Delgado, chamou a necessidade para se “reciclar as estruturas administrativas” das organizações envolvidas na resposta humanitária aos deslocados para diminuir a “dissipação de orçamentos que chegam para os deslocados”.

Na missa de terça-feira, 29, o bispo de Pemba disse que “a gente escuta anúncios de milhões de dólares para Cabo Delgado, mas desses milhões de dólares quantos realmente chegam para o povo? Boa parte serve as estruturas para grandes carros, grandes salários, grandes alojamentos, seminários luxuosos e pouco chega para aquelas pessoas verdadeiramente necessitadas”.

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