Que ter uma alimentação saudável é um dos pilares fundamentais para uma maior qualidade de vida e bem estar, acho que todos concordamos.
Mas o que é isto de uma alimentação saudável?
E será que, nesta procura por um corpo saudável, conseguimos também promover a saúde de um planeta em emergência climática?
Numa era de informação fácil, estas são perguntas de resposta difícil. Afinal, não há só um caminho. Mas a ciência diz-nos que existe algo em comum nos vários caminhos que se apresentam.
Um dos modelos alimentares que tem reunido consenso sobre o seu potencial como promotor de saúde, bem estar e longevidade, é a Dieta Mediterrânea, que recebeu em 2013 o galardão de Património Imaterial da Humanidade.
Além disso, a Dieta Mediterrânea também é destacada pela sua menor pegada ecológica, atendendo aos princípios de respeito pela sazonalidade e preferência pela proveniência local dos alimentos, e a predominância de alimentos de origem vegetal, como os cereais e tubérculos, as frutas, hortícolas, e leguminosas.
Ainda assim, num estudo realizado em 2020, verificou-se que apenas 26% dos Portugueses apresenta uma elevada adesão ao padrão alimentar mediterrânico.
Em 2019, na tentativa de encontrar um caminho comum, e ao mesmo tempo unificador em termos de tradições gastronómicas, que permita alimentar uma população mundial em crescimento, foi proposta a Dieta Planetária.
Este modelo alimentar assenta numa alimentação de base vegetal, com primazia de não processados e com consumo esporádico de alimentos de origem animal.
Na prática, a proposta deste modelo traduzir-se-ia, entre outras mudanças, em:
Um aumento de 50% no consumo de vegetais e fruta, principalmente da época, face ao padrão ocidental atual;
Primazia das leguminosas como fonte proteica, em detrimento das carnes, peixe e ovos, com principal enfoque na diminuição do consumo de carne vermelha;
Preferência de cereais e tubérculos não refinados/ integrais;
Preferência pelo azeite, frutos secos e sementes como fontes de gordura;
Presença do leite e derivados, com preferência a fermentados como iogurte e queijo;
Além disso, é importante destacar a importância da redução do desperdício alimentar, como forma de reduzir as emissões de carbono, sendo Portugal o 4º país com maior desperdício alimentar por pessoa, com uma média de 184kg de alimentos desperdiçados por habitante, por ano.
Com consciência que a dieta perfeita não existe, é possível caminharmos, cada um de nós, com pequenos passos, para hábitos alimentares que cuidam ao mesmo tempo da nossa saúde, e da do nosso planeta!
A nutricionista,
Sara Aguiar
Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas - Cédula profissional nº 2392N