Quase todo mundo tem uma história com a Kombi, a própria Volkswagen sabe disso. Não há quem negue este fato, e provavelmente você já viajou ou conhece alguém que foi ao litoral em uma Kombi. Sua história é fascinante!

Nenhum outro veículo já produzido tem tantas histórias para contar como esse utilitário, e hoje vamos falar um pouco dele.

 Pai Holandês
Seu projeto começou a ser esboçado em Wolfsburg (cidade alemã conhecida como a sede da VW) logo após a 2a Guerra Mundial. A fábrica não estava totalmente restaurada dos muitos danos causados pelos bombardeiros.

Com a simpatia de um oficial britânico das forças de ocupação, Major Ivan Hirst, do engenheiro alemão, Alfred Haesner e com o holandês Ben Pon, nasceu a ideia de um automóvel revolucionário e eficaz, podendo ser considerado o primeiro minifurgão do mundo.

Nome da Kombi
Kombi, em alemão, Kombinationsfahrzeug, quer dizer “veículo combinado” ou “veículo multiuso”.

Em boa parte do mundo a Kombi é conhecida como: Transporter, Type 2 e Combi.

O que poucos sabem é que o nome é um apelido brasileiro, uma redução do nome original alemão.


Os primeiros protótipos foram chamados de Tipo 29, com as frentes lineares, porém foram descartadas por prejudicar a aerodinâmica nos testes.

Os primeiros esboços de Pon em sua caderneta foram feitos em 1947, dando origem a um grande sucesso.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Em 1949 a Kombi começou a ser produzida na Alemanha. Tinha carroceria do tipo monobloco (um dos primeiros carros com esta carroceria), suspensão reforçada e motor 1.1 de 25 cv de potência refrigerado a ar.

Antes do seu lançamento oficial, a VW destacou a principal característica do utilitário: com o motorista na parte dianteira e o motor acomodado na traseira, quer vazio ou com carga isso não afetava a distribuição do peso.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

A VW destacou também a maior vantagem do utilitário à imprensa: o peso da sua carga útil era colocado entre eixos, o que garantia uma excelente distribuição das massas entre o eixo dianteiro e o eixo traseiro.

Porém, o grande defeito era a estabilidade sofrível, mesmo com alguns ajustes para deixar a suspensão mais firme. O nível do ruído era alto por conta do motor a ar, uma vez que não possuía revestimento acústico.

Chegada às ruas
Em 08 de março de 1950, a Kombi saiu pela primeira vez nas ruas, batizada como Transporter – esse estampado em sua carroceria somente em 1990.

Haviam dois modelos: Kastenwagen, furgão com três janelas laterais e bancos removíveis e o Microbus, com três janelas mas ainda com bancos fixos.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Foi em 1952 que o modelo Pick-Up surgiu. Tinha uma ótima área de carga, compartilhamento para volumes um pouco menores entre a caçamba e o piso inferior.

Naturalização brasileira
Embora a Kombi já estivesse no mercado, em 2 de setembro de 1953 chegou ao Brasil e começou a ser montada pela Brasmotor (futuramente passou a ser chamada de Brastemp).

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

O modelo era importado em regime CKD (desmontados) e montado em outro galpão, no bairro do Ipiranga.

Com o plano de nacionalizar o veículo, o governo do presidente da época com o grupo GEIA (Grupo Executivo da Industria Automobilística) e a VW, deram início à construção da fábrica em 1956 em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Em 1957 a Kombi tinha 50% das peças produzidas no Brasil, porém, a fábrica só iria ser oficialmente inaugurada em 1959.

Inúmeras modificações
No início dos anos 60 a Kombi ganhou a versão 6 portas (hoje uma das versões mais raras entre os colecionadores), nas configurações luxo e standard. A partir do segundo semestre, passou a ter transmissão com todas as marchas sincronizadas.

Incorporou algumas mudanças, como o marcador de combustível no painel e o fim das bananinhas de sinalização.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

A linha 63 teve mudanças marcantes, como a adoção de mais 2 janelas de cada lado nas laterais e nos curvões traseiros, além de vidro maior na parte traseira.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

A Kombi recebeu um novo motor em 1967, mais potente, de 1500 cm3 com 44 cv de potência. Passou a ter seu sistema elétrico de 12 volts e uma barra estabilizadora na suspensão dianteira, para melhor controle.

As rodas passaram de 15 para 14 polegadas.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

No mesmo ano chegou a versão Pick-Up, de cabine simples, que já era sucesso em outros países.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

No mesmo ano chegou a Kombi lotação, uma estranha versão de seis portas. Ainda existe um exemplar prestado serviços a um hotel em Aguas de Lindoia, São Paulo.

Em 1970, um opcional muito útil para as estrada de terra surgiu. O diferencial travante bloqueava uma roda que estava girando em falso, para transferência de força para a outra roda que tinha contato com solo firme.

O sistema na Kombi era acionado por uma alavanca que ficava embaixo do banco do motorista.

Uma grande mudança diferenciava a Kombi do Brasil de todas as versões do mundo. Em 1976, misturaram um pouco da Kombi europeia com a Kombi vendida no Brasil, nascendo uma versão única.

Nova frente com para-brisa único, portas dianteiras iguais da versão europeia que permitiam abaixar os vidros com manivela. O motor passou a ser 1600 com carburação simples. Houve a introdução de servofreios e a suspensão foi modificada, mais moderna que a do Fusca.

Recebeu “novo” painel, utilizado nos modelos europeus, com novos instrumentos, assim como volante e para-choque.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

A carburação simples foi substituída em 1978 pela carburação dupla de série para todos os modelos, além da substituição das cruzetas e caixas de redução nas rodas, para a introdução das juntas homocineticas.

Leia também: Kombi Home

Kombi do Brasil nos anos 80
Em 1981 a versão Pick-Up cabine dupla e motor a diesel foram as novidades.

O motor era 1600 refrigerado a água, o que levou a Kombi adotar o radiador na parte frontal, com um grade maior “saltando” para frente. Mais tarde surgiram acessórios de proteção para a grade.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Para maior segurança, a Kombi recebeu em 1983 freios à disco nas rodas dianteiras. Outra modificação foi a furação nas rodas, com 5 furos mais centralizados. Além de outras alterações, foram adicionados o cinto de 3 pontos, encosto de cabeça e mudanças na alavanca do freio de estacionamento.

Anos 90
Durante muitos anos a Kombi permaneceu inalterada, e devido a alteração na legislação de controle de poluentes, em 1992 recebeu um catalisador no sistema de exaustão, para a diminuição de emissão de poluentes.

Outros itens foram adotados por conta da legislação, como para-brisa laminado, para maior segurança em caso de quebra. Alguns itens se tornaram opcionais como desembaçador traseiro, vidros verdes e janelas laterais corrediças.

Cinco anos mais tarde, a mudança que não veio nos anos 70 chega em 1997, finalmente as portas corrediças foram introduzidas na Kombi nacional, assim como vidros laterais e traseiros maiores.

O teto ganhou 11 centímetros inspirada na versão mexicana (1991).

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Novamente, devido as mudanças no programa de emissão de poluentes, em 1998 recebeu injeção eletrônica multiponto no motor a ar, o que melhorou a potência, consumo, dirigibilidade e regulagem do motor.

Kombi Carat
No mesmo ano foi lançada a versão Carat, que tinha itens exclusivos, como bancos de veludo, interior forrado e 7 lugares, sendo 2 individuais na frente, 2 no meio e 3 no último banco.

A Kombi Carat era chamada de “Kombi de luxo”, porém o modelo durou apenas 2 anos no mercado.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Nos anos 2000 chegou ao fim a edição Kombi Pick-Up.

Kombi Série Prata
O último ano da Kombi com motor a ar foi em 2005, por não atender as especificações da lei de emissão de poluentes. Em homenagem, a VW lançou a Kombi Série Prata, limitada a 200 unidades, todas na cor prata.

Vinha com vidros verdes e para-brisa degrade, desembaçador traseiro, bancos com forração diferenciada e diversos itens exclusivos.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

A VW buscava uma solução para substituir o motor a ar, e em 2006 a solução veio no motor 1.4 refrigerado a água, derivado do motor do Fox/Polo.

Kombi 50 Anos
Em 2007 ela completou 50 anos, e a VW lançou uma versão com apenas 50 unidades. Pintura exclusiva branca e vermelha, estilo saia e blusa, além dos diversos itens exclusivos. Vidros verdes, para-brisa degrade, desembaçador, bancos com forração diferenciada, lanternas traseiras fume e janelas basculantes.

A Kombi 50 anos é considerada uma das mais raras verões já lançadas.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Após 56 anos, a Kombi deixa de ser produzida no Brasil. Por conta da obrigatoriedade da instalação de freios ABS e air bag duplo, ela não conseguiu abrigar o air bag de forma adequada, ou com baixos custos, deixando a linha de produção em 2013.

Kombi: a história da Velha Senhora montada no Brasil (1953 a 2013)

Kombi Last Edition
Para marcar esse momento, a VW lançou a Kombi Last Edition, inicialmente com 600 unidades com produção dobrada para 1200 unidades, todas com número de identificação no painel. Pintura saia-e-blusa azul e branca, traziam itens exclusivos: cortinas nas janelas, pneus com faixa branca e forração listrada nos bancos.

A campanha “Últimos desejos da Kombi” marcou o fim da produção, recebendo 7 prêmios no Festival de Cannes em 2014.

Por Eber do Carmo

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