A cidade de Angra do Heroísmo ergue-se na Ilha Terceira (arquipélago dos Açores), no Oceano Atlântico. Parece ter nascido da confluência de diversas lendas, conjugadas com a ação pragmática dos descobridores portugueses – de que a reminiscência do nome de Monte Brasil, em frente à cidade, é um dos sinais, lembrança da ilha mítica de O'Brasil que todos os navegadores procuravam. O povoamento da ilha inicia-se por volta de 1460, havendo notícia da sua doação a Jácome de Bruges. Foi depois dividida em duas capitanias (Angra e Praia), atribuídas a João Vaz Corte Real e a Álvaro Martins (1474).

A povoação de Angra vai ganhando no tempo de D. Manuel (1495-1521) e, sobretudo a partir de 1534, quando é elevada a cidade no reinado de D. João III. Este estatuto é resultado do protagonismo crescente que vai desempenhar no quadro da famosa "Carreira das Índias", como escala atlântica.

Angra do Heroísmo apresenta uma organização urbana clássica, estável e categoricamente cosmopolita, apesar das suas pequenas dimensões. Nela se concentram todos os temas e motivos que convêm a uma cidade fundada de raiz -a Rua Direita, o Largo da Sé -, com a disposição ortogonal das ruas e com a implantação sábia e sacralizadora das grandes casas religiosas nos seus extremos cardiais. E encerra alguns "tesouros", especialmente do período barroco - como a riquíssima Igreja de S. Gonçalo (século XVIII) – discretamente encerrados nas densas e opacas fachadas de edifícios planos, sóbrios e austeros.

No dia 1 de janeiro de 1980, Angra do Heroísmo, sofreu um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter, que abalou todas as estruturas, destruindo quer o património arquitetónico, quer o património nele integrado. Tal como os edifícios, o património móvel remonta aos séculos XV a XIX, destacando-se algumas pinturas, painéis de azulejos, escultura, talha dourada. As boas práticas pós-sismo de conservação e restauro desse património têm sido continuadas, encontrando-se uma grande parte já visitável em diversos edifícios da cidade.

O antigo Colégio dos Jesuítas de Angra que, mais tarde, foi denominado Palácio dos Capitães Generais, foi construído originalmente entre 1638 e 1651, tendo sendo atingido por sucessivos sismos e subsequentes reparações. A fase final dos trabalhos consistiu na remoção dos gigantes e reposicionamento aprumado das arcadas, com recurso à utilização de macacos hidráulicos, posicionados sobre as fundações das pilastras. Com esta ação foi possível recuperar de forma exemplar um conjunto arquitetónico de excecional valor patrimonial, dando-lhe uma nova utilização e projetando-o para o futuro.

Construído em 1788 por António Xavier Machado e Cerveira, o órgão da Igreja de Nossa Senhora da Guia é um instrumento de grande valor histórico, um exemplar típico tardo-setecentista português, cujo laborioso restauro terminou em 2011.

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Angra - 40 anos de cidade Património da Unesco

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