Chama-se MENU e é um trabalho da Universidade de Coimbra em parceria com a Universidade de Aveiro, uma empresa e uma start-up que oferece “um leque variado de pratos doces e salgados à base de macroalgas marinhas da costa portuguesa”.

A Universidade de Coimbra (UC), em parceria com a Universidade de Aveiro (UA) e duas empresas, está a desenvolver “refeições pré-cozinhadas alternativas, com elevado valor nutricional”, baseadas em macroalgas marinhas da costa portuguesa.

Coordenado pela investigadora Ana Marta Gonçalves, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da UC, este projeto foca-se no desenvolvimento de refeições pré-cozinhadas alternativas, com elevado valor nutricional e de rápida confeção, oferecendo aos consumidores uma dieta rica e saudável. Os primeiros produtos poderão estar no mercado dentro de um ano.

A grande inovação do “MENU: Marine Macroalgae: alternative recipes for a daily nutritional diet” está na utilização completa das macroalgas marinhas e não apenas extratos ou compostos, como acontece em várias indústrias. O objetivo é aproveitar todas as propriedades destas verduras do mar, conhecidas, por exemplo, pelas suas propriedades antivirais, antibacterianas, antidiabéticas, antioxidantes e anticancerígenas, entre outras, explica a UC em comunicado.

“Conhecendo o elevado valor nutricional e as bioatividades das macroalgas, que apresentam muitos benefícios para a saúde humana, a nossa aposta é utilizar a alga como um todo de modo a que os nossos produtos tenham todas as biopropriedades, garantindo assim os efeitos benéficos para o consumidor”, refere Ana Marta Gonçalves.

São parceiros do MENU, iniciado em 2019, a UA, a start-up Lusalgae, especializada em biotecnologia marinha, e a Ernesto Morgado, S.A., a mais antiga indústria de arroz em Portugal. Já foram desenvolvidas várias receitas, tais como arroz com algas, frango com algas, sopas e molhos adicionais; e, nos doces, gelatinas de framboesa e morango, pudins de vários sabores, nomeadamente amêndoa, baunilha, chocolate e coco, compotas e arroz doce. Outros produtos estão em fase de desenvolvimento, como, por exemplo, mousses.

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“Pretendemos oferecer um cardápio diversificado que vá ao encontro dos diferentes interesses dos consumidores. Desenvolvemos várias receitas com diferentes macroalgas”, explica a investigadora do MARE, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), adiantando que, em paralelo, estão também a desenvolver películas naturais à base de macroalgas com o objetivo de “aumentar o tempo de prateleira no supermercado de alimentos como carne, peixe e fruta, que podem ser consumidas diretamente junto com o produto que estão a revestir”.

Para perceber a aceitação dos consumidores, a equipa realizou já alguns workshops de degustação, envolvendo pessoas de várias faixas etárias, dos 17 aos 77 anos de idade. Os participantes “gostaram bastante, demonstrando interesse, especialmente no que respeita aos benefícios para a saúde, e destacaram o sabor e textura agradáveis. Com base nos questionários aplicados após as provas, verificou-se o interesse em adquirir estes produtos quando chegarem ao mercado. Cada vez mais, o consumidor preocupa-se com a sua saúde e com o seu bem-estar”, revela Ana Marta Gonçalves.

Aposta na sustentabilidade e melhoria da nutrição
Este projeto, que é financiado pelo Fundo Azul – um mecanismo de incentivo financeiro da Direção-Geral de Política do Mar destinado a apoiar a investigação científica –, visa também dar resposta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, contribuindo para a produção e consumo de produtos sustentáveis e melhoria da nutrição.

Durante todo o processo, ou seja, desde a recolha no mar até ao produto final, “avaliamos de forma contínua o valor nutricional das macroalgas para termos a certeza que não há perda ou redução desse valor nutricional, garantindo todos os benefícios para o consumidor. É um processo altamente controlado”, explicam os promotores

Além da parceria com a empresa de produção de arroz, a equipa, constituída por 16 investigadores, estabeleceu também acordos com outras empresas, no sentido de colocar esta nova geração de produtos à base de macroalgas marinhas no mercado, o que poderá acontecer dentro de um ano, adianta a UC.

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