A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu hoje que há condições propostas pelo Reino Unido nas negociações do ‘Brexit’ que não pode aceitar e destacou que a “integridade do mercado comum deve ser absolutamente garantida”.

Merkel fez essas declarações ao falar na sessão plenária do Bundestag (câmara baixa do parlamento), durante o debate sobre o orçamento, embora também tenha se referido aos pontos-chave da cimeira de líderes da UE que se realiza na quinta e sexta-feira.

A chanceler sublinhou que continuará a trabalhar com o Conselho Europeu e a Comissão Europeia (CE) para chegar a um acordo com o Reino Unido sobre a futura relação após o ‘Brexit’, mas adiantou que também foi traçado um caminho a seguir caso não seja possível chegar a um acordo que inclua os requisitos mínimos da UE.

“Temos oportunidade de chegar a um acordo, mas não consigamos saber se é possível ou não já amanhã (quinta-feira)”, reconheceu a chanceler referindo-se às negociações com o Reino Unido.

“Estamos dispostos a não aceitar certas condições”, alertou ainda.

“Uma coisa é certa: a integridade do Mercado Interno tem de ser garantida”, sublinhou Merkel.

“Temos de garantir um jogo equilibrado, não apenas para hoje, mas para amanhã e depois de amanhã”, acrescentou, sobre um dos elementos que ainda impedem um acordo.

“A questão da concorrência leal entre dois sistemas jurídicos que se afastam é o grande problema para o qual ainda temos de encontrar uma solução satisfatória”, afirmou a chanceler, que garantiu que esta questão é mais importante do que a da pesca.

Merkel renovou a “plena confiança” do seu Governo nas negociações com o Reino Unido realizadas pela Comissão Europeia, cuja presidente, Ursula von der Leyen, deve reunir-se hoje em Bruxelas com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

A reunião, que parece ser de última hora, acontece três semanas antes da separação final entre Londres e a União Europeia, após meses de negociações sem progresso sobre as questões mais delicadas e a crescente ameaça de fracasso com consequências de longo alcance económico.

Os britânicos e europeus sempre tropeçaram nos mesmos três assuntos desde março: o acesso europeu às águas britânicas, como resolver disputas no futuro acordo e as garantias exigidas pela UE em Londres em termos de concorrência em troca de um acesso sem direitos aduaneiros ou quotas ao mercado continental.

O Reino Unido deixou a UE no início deste ano, mas continua a fazer parte do espaço económico do bloco de 27 países durante uma transição de 11 meses, enquanto os dois lados tentam negociar um novo acordo de comércio livre que entre em vigor em 01 de janeiro.

Qualquer acordo deve ser aprovado pelos respetivos parlamentos antes do final do ano.

Um acordo comercial permitirá que as mercadorias circulem entre o Reino Unido e a UE sem tarifas ou quotas após o final deste ano, mas mesmo com um acordo vai existir mais burocracia e custos para as empresas de ambos os lados do Canal da Mancha.

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