O diretor regional da Saúde do Governo dos Açores apelou hoje ao uso da linha telefónica Saúde Açores para um primeiro apoio em caso de doença, nomeadamente sintomas gripais, ao invés da deslocação imediata ao hospital.

"O apelo que temos tentado transmitir junto da população é que a maior parte dos casos não são casos urgentes, são casos que podem perfeitamente ser atendidos nos centros de saúde" e, anteriormente, ser colocados à consideração de um especialista por via telefónica, indicou o diretor regional Tiago Lopes à agência Lusa.

O governante foi ouvido depois de se saber que o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, suspendeu as cirurgias programadas devido, entre outros motivos, à "enorme pressão a nível dos internamentos", revela uma circular interna a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Tal situação tem vindo a ser "acompanhada de perto" pelo Governo dos Açores, que reconhece "limitações" no serviço cirúrgico após um pico de atividade que se iniciou em janeiro, sustentando o diretor com a tutela da Saúde que há várias "exceções" no que refere à anunciada suspensão de cirurgias programadas.

No texto interno, datado de 05 de fevereiro, terça-feira, e assinado pelo diretor clínico do hospital, é referido que "as enfermarias de medicina mantêm uma taxa de ocupação diária de 100% e um número nunca inferior a 18-20 doentes distribuídos nas enfermarias das especialidades” e os "constrangimentos desta situação são sentidos diariamente", havendo ainda nesta fase um "afluxo significativo" de doentes às urgências.

Tal tem gerado, prossegue o diretor clínico do hospital açoriano, "pressão sobre os profissionais de saúde", aumento de "conflitualidade interpares, interprofissionais e com os próprios doentes" e "degradação da qualidade e segurança assistenciais" aos doentes.

A direção clínica e a administração do HDES dizem que têm "chamado a atenção da tutela" há "mais de dois anos" para a necessidade de se ter "uma solução nos cuidados primários e na comunidade de modo a que sejam libertadas as camas ocupadas com casos sociais e de cuidados continuados".

Contudo, prossegue a missiva, "continuam internados um número significativo de utentes com alta médica a aguardar solução social".

Nos últimos dias, a situação agravou-se e foi comunicada à tutela, tendo o diretor clínico, "em consciência e em concordância com o restante conselho de administração", decidido manter a "suspensão de toda a atividade cirúrgica dos programas de cirurgia adicional, de acordo" com uma outra nota interna de 10 de janeiro, e aplicado uma norma de março de 2018 suspendendo "a atividade cirúrgica programada nos moldes contidos" nesse texto.

Nessa circular do ano passado, a que a Lusa teve também acesso, era decretada a suspensão de "toda a atividade cirúrgica programada que implique o internamento prolongado dos doentes", o que agora se repete.

As exceções à regra incluem casos de doentes que "estejam em tratamento e cuja cirurgia já programada faça parte do processo terapêutico", doentes com "patologia neoplásica prioritária e já agendados", "doentes já internados e a aguardar cirurgia nas diferentes especialidades" ou casos que impliquem "a vinda de cirurgião não residente" nos Açores ou "material já requisitado do exterior".

A circular de 05 fevereiro não aponta uma data para o fim da suspensão das cirurgias programadas, antes assevera que será retomada a atividade do bloco operatório "assim que estejam garantidas as condições de segurança e ultrapassados os atuais constrangimentos sentidos pelo hospital".

O PSD/Açores já pediu, entretanto, no parlamento da região a realização de um debate de urgência sobre a suspensão de cirurgias programadas no HDES.

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