Na segunda parte desta entrevista concedida ao investinpraia pelo vereador Tiago Ormonde, o mesmo passa em revista diversos aspectos relacionados com a evolução da economia no concelho que tem vindo, ao longo dos últimos anos, a evoluir de forma muito positiva.

Ainda não se voltou ao mesmo nível dos anos 70 e 80 quando os norte-americanos estavam em pleno na Base das Lajes. Mas para o presente e para o futura ficou a lição:  A vida em geral e  a economia em particular não podem voltar a ficar na dependência duma única estrutura ou de um só segmento de actividade.

IPV- Tem-se notado um progressivo investimento na actividade económica do concelho da Praia. Está de acordo com esta premissa?

TO – Não tenho ainda os dados de 2019 mas, durante o ano de 2018, o valor global de investimentos na Praia da Vitória foi de 30 milhões de euros 7 milhões dos quais foram efectuados no âmbito do programa Prorural, ou seja, no sector primário da Economia e foram criados mais de 15º postos de trabalho. E repare, isto sem falar do projecto da Terceira Tech Island.

Trata-se, quanto a mim, de um valor muito interessante porque, muitas vezes, assistimos a discursos mais pessimistas e conservadores indiciando uma diminuição do investimento quando, na realidade, os números comprovam precisamente o contrário e, com isso, temos razões para estarmos otimistas e para termos esperança no futuro do concelho.

Devo assinalar ainda que há ideias de negócio que se “incubam” na Praia Links e que depois podem transformar-se em negócios de comércio no centro da cidade e é, sobretudo, um investimento jovem que deve ser valorizado.

- Um jovem que tenha uma ideia que condição é que deve reunir para poder ter apoio da Startup?

- Quem tiver uma ideia, por mais que possa pensar que a mesma não tem “pernas para andar”, ou que não saiba como começar, tem aqui na Praia Links uma porta aberta. Ou seja, se trouxer aqui uma ideia de negócio, com o conjunto de técnicos que temos ao nosso serviço, a mesma é analisada no sentido de criar um plano de negócios, aperfeiçoar a ideia, ajudar mo estudo de mercado, no sentido de a consolidar. Com esta ajuda inicial a ideia pode reunir condições para partir para se vir a transformar num negócio efectivo. Não é um trabalho que se faça de um dia para o outro, leva algum tempo desde logo porque é preciso, antes de tudo, avaliar se quem tem a ideia e a apresenta apenas o faz de uma forma circunstancial ou se, pelo contrário, é alguém que tenha perfil para poder avançar. Nem todos temos perfil para empreender e essa é a condição básica para que uma ideia inicial se transforme, de facto, numa empresa.

- Ultrapassada essa fase de triagem já estão na Startup. O que é que esta lhes dá a partir do momento em que conseguem entrar?

- Na verdade proporcionamos um conjunto de apoios e de condições para que as ideias que entraram saiam o mais depressa possível. Ou seja, com essas condições e apoios que oferecemos, é uma felicidade para nós vermos que as mesmas se transformem em empresas sustentáveis e que sejam capazes de entrar no mercado a competir com as demais.

Durante o período de incubação damos apoio técnico, a que já me referi, e um outro de que pouco se fala, que tem que ver com a motivação que procuramos sempre incentivar uma vez que quem quer empreender tem que ter a noção de são muitos os momentos em que o desânimo se torna presente uma vez que o percurso de um empreendedor nunca é fácil e exige muita persistência. Daí realçar como parte importante deste caminho a motivação que inculcamos porque os obstáculos acabam, na maior parte dos casos, por serem ultrapassados.

- Como já referiu, na primeira parte desta entrevista, a ilha Terceira está, e bem, no centro de uma série de pontos de partida para novos desafios na área da economia. A Startup Angra, o TERINOV, a Praia Links, o Terceira Tech Island. A questão que lhe coloco, por exemplo em relação ao TTI é se o mesmo, para além da criação de postos de trabalho qualificado, já foi, também, ponto de partida para o aparecimento de novos empreendedores que tenham concluído um dos seus cursos.

- Sim temos casos destes. As empresas que se instalam, no âmbito do TTI, são empresas de fora e que aqui contratam todos os que são formados pela Academia de Código. O que acontece é que, ainda antes de acabarem o curso, muitos dos formandos já estão a ser entrevistados por essas empresas estabelecendo contactos directos que visam selecionar e a recrutar esses alunos.

Devo realçar dois aspectos que considero interessantes. Um é que começa a haver um mercado concorrencial entre as empresas aqui instaladas que se traduz no “roubo” de quadros de uma para outra, o que tem vindo a acontecer. Há muitos trabalhadores que começaram numa e já estão a trabalhar noutra empresa, às vezes em duas salas lado a lado. O outro tem que ver com o facto de alguns desses alunos, depois trabalhadores, começarem a criar as suas próprias empresas.

Tudo somado quer dizer que começamos a dispor, aqui na Praia da Vitória, de um “ecossistema” de empresas na área das novas tecnologias com empresários naturais dos Açores o que faz com que, no futuro, tenhamos aqui muitas empresas a trabalharem de forma global, com sede aqui mas com clientes em qualquer parte do mundo com empreendedores açorianos e, em particular, terceirenses.

Isto de que falo não é futuro, é PRESENTE!

- Este Movimento de estímulo ao empreendedorismo e à criação de novos postos de trabalho e de estímulo ao investimento, que envolve, como referi na pergunta anterior, várias entidades regionais e locais devem sentir necessidade de uma articulação entre elas. Como é que essa articulação se faz? É ágil?

- Não é feita de um modo formal nem burocrática, é feita de um modo muito prático.

Ainda bem que é assim porque está tudo a acontecer muito depressa e num mercado muito competitivo sendo, por isso, necessário que essa articulação seja feita com uma grande agilidade e de modo informal. Para além das entidades que referiu há pouco devo realçar ainda os papeis que a Câmara de Comércio e a SDEA também entram em todo este processo muito dinâmico.

- É neste quadro de “efervescência “ que a autarquia aprovou o regulamento Viver e Investir na Praia da Vitória?

- Sem dúvida e dentro desse regulamento elegemos com prioritário o sector das novas tecnologias e todos os negócios relacionados com a informática. O TTI coloca todos os dias 150 pessoas no centro histórico da cidade e isso deve ser apoiado e desenvolvido de forma inequívoca de que o fim da “Derrama” é apenas um exemplo no estímulo que pretendemos dar a quem já cá está e a quem queira vir investir no concelho.

É apenas um exemplo de como a autarquia de uma forma prática e rápida, se colocou ao lado do Governo Regional que conduz o processo do TTI.

Devo dizer que é notável como todas as entidades que estão envolvidas no “turbilhão” de coisas que estão a acontecer ma ilha Terceira desenvolvem o seu trabalho e as suas interligações de forma ágil, eficiente e prática como tem que ser.

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